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Geração mais jovem valoriza mais o respeito do que regalias no trabalho

Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Os millenials preferem uma comunicação respeitosa com seus chefes e seus pares a benefícios excêntricos e happy hours no local de trabalho. Essa é a conclusão de um estudo da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, que pretendia analisar o que mais tem motivado os jovens profissionais.



Os pesquisadores entrevistaram 1.000 pessoas de 21 a 34 anos – a chamada geração Y – que trabalham em 18 áreas diferentes, incluindo indústria e serviços. O objetivo era de que os profissionais avaliassem os elementos da cultura da empresa em que trabalham. A partir das avaliações, o estudo mediria a relação desses aspectos com o engajamento e a resiliência dos funcionários.



Como já era de se esperar, baseado em outras pesquisas, o estudo mostrou que a satisfação dos profissionais com o ambiente de trabalho tem relação direta com a sua motivação e sua resiliência para enfrentar problemas e desafios. Mais do que isso, porém, os pesquisadores descobriram que uma comunicação respeitosa entre os funcionários tem um impacto direto sobre o seu bem-estar e, consequentemente, sobre o engajamento nas suas tarefas.



A grande conclusão que se tira da pesquisa é que a busca de realização profissional dos millenials depende, em boa medida, da sensação de respeito e do reconhecimento que eles esperam receber de chefes e colegas. O que acaba sendo ainda mais importante, para o seu desempenho, do que benefícios voltados a tornar mais leve e divertido o ambiente de trabalho.



Para manter jovens profissionais engajados por mais tempo, portanto, é crucial para as empresas investir no treinamento de líderes e gestores. Afinal, a forma como eles se comunicam – mais ou menos respeitosamente – define os vínculos que os funcionários vão estabelecer com o trabalho e a empresa. De pouco adiantam benefícios infinitos se o respeito não for a base das relações profissionais.

O que os Jogos Olímpicos podem nos ensinar sobre as “Olímpiadas da vida profissional”

Por Eliane Figueiredo – CEO da Projeto RH


Foco no objetivo, disciplina, resiliência e saber lidar com as derrotas são qualidades fundamentais para qualquer esportista de alto nível. Os Jogos Olímpicos demonstraram, mais uma vez, como o sucesso é proporcional ao esforço dos atletas.


Entre profissionais e empreendedores, a realidade não é diferente. Diante de desafios, persistência e superação são competências essenciais. Afinal, uma carreira de sucesso é o resultado da vontade constante de melhorar a cada dia.


E, logo depois da comemoração de grandes vitórias e medalhas, novo ciclo se inicia e as rotinas de treino duro se inicia para novas competições. Assim como os profissionais do mundo corporativo, que depois da entrega de projetos bem sucedidos e do alcance de bons resultados, devem encarar novas empreitadas e mirar sempre para frente.


Se no esporte as condições físicas e ambientais não são sempre ideais, o mesmo vale para empreendedores e profissionais. O cenário econômico e político do País e o contexto das empresas variam com o tempo. Por isso, é fundamental estar preparado para lidar também com aquilo que está fora do nosso alcance e com os imprevistos.


Por fim, gostaria de parabenizar a todos os atletas dos Jogos Olímpicos que, depois de tantas incertezas e dificuldades, nos presentearam com o espetáculo do esporte e da superação. E, também, brindo a todos os “atletas” do mercado de trabalho e aqueles que são empreendedores. Lutando a cada dia e dando o seu melhor para subir no pódio da vida profissional!


E, ainda, algumas competições podem parecer individuais, mas é sempre com o trabalho em equipe que podemos, juntos, nos tornar cada vez mais fortes e ir cada vez mais longe rumo à próxima “Olímpiada”

O aguardado fim da pandemia e o futuro incerto do trabalho

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Conforme o cansaço com o isolamento e a perspectiva de volta à normalidade aumentam, empresários e profissionais põem na balança os prós e os contras do home office e se perguntam sobre a forma que vai assumir o futuro do trabalho.



No começo da pandemia, muita gente se surpreendeu positivamente com a viabilidade do trabalho remoto. Por um lado, a economia de tempo com o deslocamento agradava quem buscava mais momentos de lazer. Por outro, não faltou quem visse sua produtividade aumentar com uma organização mais autônoma da rotina.



Depois de mais de um ano de crise sanitária, o otimismo é menor e muitos profissionais sofrem os impactos do home office. Para além de pais que tiveram que conciliar o trabalho com os cuidados da casa e dos filhos, pesquisas dão conta de outros efeitos negativos das mudanças. Um estudo do Instituto Gallup, por exemplo, mostrou níveis crescentes de sentimentos de solidão e de incapacidade de descansar antes e depois da jornada.



No entanto, por vezes as mesmas pesquisas revelam também o lado positivo do home office. Enquanto a maioria das pessoas quer voltar a frequentar o escritório, elas continuam valorizando o trabalho remoto e veem nele ganhos importantes de produtividade e bem-estar.



Em um cenário controverso, com percepções ambíguas sobre as vantagens e as desvantagens do home office, a tendência que ganha força no universo corporativo é de um modelo híbrido. Empresas que haviam anunciado uma transição completa para o trabalho remoto em meados da pandemia, inclusive, têm voltado atrás e comunicado seus funcionários que terão de voltar aos escritórios – pelo menos alguns dias da semana.



A impressão cada vez mais disseminada é de que um modelo alternado, com certos dias em casa e certos dias no escritório, permite aproveitar as vantagens das duas formas de trabalho.



Em home office, o profissional pode aproveitar o aumento do tempo livre e a flexibilidade da jornada para atividades que não poderia fazer numa rotina convencional. Sem pandemia, o problema de crianças estudando em casa em horário comercial não deverá existir.



Já com a volta ao escritório, diminuiria o sentimento de isolamento à medida que o trabalho recupera a interação e a socialização com colegas. As trocas ganham em qualidade e também podem repercutir em incrementos de criatividade e produtividade.



Não é exagerado pensar que, nessas condições, as vontades e as preferências dos funcionários serão levadas em consideração. Mesmo que a empresa determine regras sobre a distribuição do trabalho remoto e presencial, os profissionais deverão ter alguma voz para definir com que regularidade ficam em casa ou vão ao escritório.


Mais do que salário, profissionais valorizam também benefícios ao buscar novas oportunidades

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Os profissionais de hoje não olham apenas para a remuneração ao vislumbrar a carreira ideal. É claro que um bom salário é um objeto comum de desejo. Porém, os profissionais de hoje têm, cada vez mais, valorizado melhores condições de trabalho e benefícios oferecidos pelas empresas.


Entre eles, destacam-se um ambiente interno seguro e saudável, uma jornada flexível, a existência de um propósito na empresa, seu compromisso socioambiental e com a diversidade, a valorização da equipe, a possibilidade de desenvolvimento e, estimulada pela pandemia, a possibilidade de home office.


Uma pesquisa encomendada pelo Estado de S. Paulo e feita pela Revelo questionou mais de 300 profissionais brasileiros o que eles consideram características da empresa dos sonhos. Os resultados mostram que, para 69% deles, o horário flexível de trabalho e o home office são critérios fundamentais. 36% apontaram para um salário acima da média do mercado, mesmo índice daqueles que valorizam o compromisso da companhia com a diversidade, a sustentabilidade ambiental e outros propósitos sociais. 18% indicaram a participação nos lucros e 15% bônus por performance.


A valorização de benefícios desvinculados à remuneração e ao sentido encontrado no trabalho é expressiva, sobretudo, entre os mais jovens. 41% dos profissionais com 18 a 23 anos priorizam o home office e a flexibilidade da jornada e são eles também os que mais prezam pelo compromisso das empresas com a promoção da diversidade, o respeito ao meio ambiente e outros impactos sociais dos negócios.


Foi-se o tempo, portanto, em que o trabalho era percebido apenas como um meio de sobrevivência e de obtenção de renda. Na medida em que as jornadas se tornaram maiores e mais exaustivas, as pessoas têm buscado conciliar melhor a vida pessoal e profissional. Assim como privilegiam carreiras carregadas de um sentido mais amplo, com impactos reais e positivos sobre a sociedade.


É levando isso em conta, aliás, que as empresas têm se adaptado para atrair e reter os melhores talentos. Pois para isso, já não basta oferecer bons salários e perspectivas de crescimento profissional. É preciso, como vem fazendo um número crescente de companhias, garantir uma ampla gama de benefícios que aumentem o bem-estar do funcionário e projetem uma imagem positiva do ambiente profissional e de seus objetivos sociais. Daí as preocupações cada vez mais comuns em divulgar o que seria a cultura da empresa e os perfis com os quais ela conta para o seu desenvolvimento.



Considerando essas novas expectativas em relação ao trabalho, com as pessoas menos propensas a fazer suas escolhas com base, exclusivamente, no resultado financeiro de suas carreiras, diversas empresas têm demonstrado que salário e propósito podem andar juntos. O que seduz os melhores profissionais e favorece o seu desempenho, pois assim se sentem parte de algo maior e dotado de sentido.

Desigualdade racial no mercado de trabalho cresce com a pandemia e bate recorde

A crise de 2015 já havia intensificado a desigualdade racial no mundo profissional. No entanto, a pandemia de covid19 agravou o quadro e fez com que a diferença na taxa de desemprego entre negros e pardos, de um lado, e brancos, do outro, alcançasse um patamar inédito desde o início da série histórica, em 2012.


Afinal, o fechamento de milhões de vagas formais e a impossibilidade de exercer atividades informais atingiram com mais força os negros e pardos, dos quais 15,8% estavam desempregados em junho. Entre os brancos, o índice era de 10,4%, segundo os dados da Pnad contínua, realizada pelo IBGE.




A expressiva discrepância entre esses grupos decorre de outra dimensão da desigualdade racial no mercado de trabalho. Pois na medida em que a população negra e parda ocupa os cargos de menor qualificação, ela é a primeira a ser atingida em meio a uma crise econômica, em que empresas tendem a preservar os trabalhadores mais qualificados.


Por outro lado, essa mesma população é majoritária entre os trabalhadores do mercado informal e foi mais atingida pelas restrições impostas à circulação. De abril a junho, diminuiu em 24,9% o número de pessoas trabalhando sem carteira assinada. No mesmo período, as vagas de trabalhadoras domésticas, caíram 24,6%, deixando um número expressivo de mulheres negras sem qualquer fonte de renda. Com efeito, a taxa de desemprego entre mulheres negras, pardas e indígenas era de 18,2% em junho, contra 11,3% entre mulheres brancas.




O que mais chama a atenção é que a expansão da desigualdade no mercado de trabalho ocorre apesar da redução da desigualdade em termos de escolaridade. Pois entre 2014 e 2019, o número de anos de estudo dos negros aumentou, em média, 12,1%, enquanto entre os brancos o avanço foi de 7,5%. Mas a despeito da redução da desigualdade de qualificação, a renda dos negros recuou 4,9% e a dos brancos aumentou 1,8%, em média, no mesmo período.



O descompasso entre escolaridade e renda, em relação à raça, portanto, pode ser explicado pelo persistente preconceito contra os negros na sociedade brasileira. Embora diversos atores e grupos estejam se levantando contra o racismo, a discriminação continua estruturando relações pessoais e profissionais, em detrimento da ascensão social de homens e, sobretudo, mulheres negras.



É fundamental, assim, que as empresas debatam o assunto e revejam a prática recorrente de contratar e promover pessoas semelhantes àquelas que ocupam posições de liderança. Enquanto não houver estímulos e políticas explícitas de acesso a oportunidades, o quadro de desigualdade tende a perdurar.

Coursera oferece mais de 100 cursos gratuitos e à distância até o fim do ano

A difusão do home office e o número elevado de demissões causados pela pandemia do novo coronavírus levaram muitas pessoas a buscar cursos online.


E a boa notícia para quem está a procura de maior qualificação é que a Coursera, uma das maiores plataformas digitais de aulas à distância, liberou mais de 100 de seus cursos.




Alguns deles oferecidos, inclusive, por renomadas universidades americanas, como Harvard e Yale, e por grandes empresas, como Google e Facebook.


Quanto aos temas e ao nível dos cursos, impera a diversidade. Há desde aulas de música até cursos sobre ciências humanas e saúde pública, que são voltados tanto para estudantes pouco familiarizados com as respectivas áreas quanto para profissionais experientes.




Com a liberação desses cursos, os alunos terão acesso a opções antes exclusivas para assinantes, como leituras complementares e correção de exercícios. A maioria dos cursos oferece também aos inscritos certificados de conclusão que podem, por exemplo, ser registrados no Linkedin.



Além de aumentar a cultura e desenvolver as habilidades, portanto, cursos online se tornaram um atributo importante para qualquer profissional. Com mais tempo livre e com uma concorrência mais acirradas pelas vagas disponíveis, um currículo recheado de certificados se tornou mais acessível e pode fazer a diferença na hora de procurar emprego e de corresponder às expectativas das empresas.



Confira as opções de cursos gratuitos em: https://www.coursera.org/


O crescimento do trabalho fora do expediente e seus impactos sobre a saúde mental

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP


Com as pessoas em casa e com acesso à internet na maior parte do tempo, os limites entre vida pessoal e trabalho, que já vinham se tornando mais fluidos, praticamente desapareceram. A qualquer momento, funcionários podem consultar mensagens profissionais e receber pedidos, o que prejudica o descanso e a própria ideia de momentos de lazer.


Um estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que, ao tornarem o trabalho onipresente, o celular e novas tecnologias promovem uma sobrecarga psicológica que prejudica a saúde mental. Por outro lado, quem consegue separar melhor as vidas pessoal e profissional lida melhor com o estresse ligado ao trabalho e sofre menos com seus efeitos físicos.




Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estudaram, durante cinco semanas, a rotina de 546 professores para analisar os efeitos da comunicação profissional fora do expediente. O objetivo era avaliar se a restrição desse contato teria algum impacto sobre seu bem-estar.


A pesquisa revelou que aqueles que mantiveram o celular desligado ou as notificações de e-mail desativadas, foram menos interpelados por diretores das escolas, chefes e pais de alunos fora do horário de trabalho. Ao serem menos reativos ao contato, eles deixaram claro que não estavam disponíveis naqueles momentos. O resultado percebido foi uma menor carga de estresse sobre esses professores.



É evidente que não podemos ignorar a importância das novas tecnologias para um mundo do trabalho cada vez mais dinâmico. Mas é fundamental, por outro lado, colocar freios no pensamento de que os funcionários estão sempre disponíveis. Uma prática que compromete profundamente sua saúde mental e, consequentemente, sua produtividade.



Nesse sentido, os pesquisadores de Illinois mostraram também a necessidade de gestores que respeitem a distinção entre as vidas profissional e pessoal de seus colaboradores. Uma saída sugerida por eles, e que faz sentido, é o estabelecimento de regras para a comunicação entre chefes e funcionários fora do expediente.



Algo que já era importante antes da pandemia, mas que ganhou outras proporções com as novas dinâmicas profissionais. No início do ano, um estudo da consultoria Randstad revelou que 59% dos brasileiros acreditavam que seus empregadores esperavam que eles estivessem disponíveis para além do horário de trabalho. Hoje, com a fronteira entre trabalho e lazer ainda mais borrada, é fundamental que empregadores e funcionários fiquem atentos a um equilíbrio cada vez mais difícil.


Dicas de como não procrastinar no home office

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Para além dos seus livros, a escritora canadense Margaret Atwood é famosa pela sua tendência à procrastinação. Ela mesma se define como uma especialista em adiar tarefas e conta que já passou inúmeros dias vendo vídeos, lendo notícias e deixando para cumprir os compromissos no último momento possível.



Tudo isso é muito comum. A procrastinação, ou deixar para depois, afeta quase todas as pessoas e em diferentes momentos e lugares. Mas com a generalização do home office, quem não estava acostumado a ficar em casa tem sofrido para organizar a rotina de trabalho.





Afinal, com a distância física dos chefes e colegas e as atrações e afazeres domésticos, a tendência natural de adiar tarefas que nos provocam sensações de ansiedade e tédio só aumenta.



O que muitos dos profissionais se perguntam diariamente é como evitar isso. Em conversa com o psicólogo Adam Grant em episódio do podcast Ted Work Life (disponível em: ted.com/podcasts/worklife), Margaret Atwood elencou as técnicas que a ajudam a cumprir prazos.





O fundamental, segundo Atwood, é evitar as emoções negativas que nos levam a adiar obrigações. E as dicas que ela dá para isso são:



1. Seja amável com você





Procrastinar é humano e todas as pessoas adiam tarefas pelo menos de vez em quando. Condenar seu comportamento no passado não vai ajudar a mudar os hábitos. A culpa, ao invés de servir de estímulo, só faz aumentar a procrastinação.



2. Seja humilde nas suas ambições





Expectativas muito altas sobre a qualidade do trabalho levam a um perfeccionismo neurótico prejudicial ao trabalho. A dica de Atwood é deixar para avaliar o resultado depois de pronto. Avance, produza e depois você verá se o que fez vale a pena ou deve ser descartado.



3. Seja rigoroso com os deveres





É imprescindível controlar vontades que levam à dispersão. Contribui para isso organizar previamente o tempo e tomar medidas que evitem distrações. Uma ótima forma de começar, por exemplo, é definindo um tempo curto para realizar tarefas simples.



4. Faça uma lista de coisas a não fazer





O comum é criar listas de coisas pendentes. Mas Atwood sugere fazer o contrário: uma lista de proibições, que variam de pessoa para pessoa. Em sua lista consta não tuitar ou abrir o Twitter enquanto está escrevendo. Mas poderia incluir não ligar a televisão ou abrir as redes sociais constantemente.

Como encarar a volta ao trabalho

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Um dilema que tem se apresentado à líderes de diversas áreas neste momento de flexibilização das regras de isolamento social diz respeito ao retorno, ou não, ao trabalho presencial. Uma decisão que não é simples e que deve levar em conta uma série de fatores. 



O primeiro e mais evidente deles é o econômico, já que a própria sobrevivência de muitas empresas está em jogo. Cumpre saber, porém, se recuperar as antigas práticas de trabalho será benéfico à empresa em meio a uma situação em que é difícil prever a evolução da demanda pelos seus produtos e serviços.





O segundo fator incontornável é o sanitário. Fazer os funcionários voltarem ao trabalho significa expô-los, em maior ou menor medida, à contaminação. E tomar qualquer decisão nesse sentido ainda implica enfrentar as incertezas que rondam a natureza do vírus e de sua disseminação. 




É verdade que muitos profissionais estão ansiosos para voltar a frequentar o ambiente comum de trabalho. Reconhecem que seus empregos dependem do melhor funcionamento das empresas, e também sentem a falta do convívio com os colegas. 





No entanto, os funcionários também se preocupam com os riscos envolvidos no retorno à normalidade. Pesquisas têm mostrado que, no Brasil, por exemplo, mais de 90% deles estão preocupados com uma maior exposição ao vírus no local de trabalho e em atividades relacionadas a ele.




Em suma, a decisão de pedir aos empregados que voltem ao trabalho presencial não é fácil e não conta, hoje, com uma saída única e correta. O que líderes e executivos de pequenas ou grandes empresas podem fazer é considerar questões cruciais antes de qualquer definição.




Algumas das perguntas que eles devem se fazer são as seguintes: 




O funcionamento da empresa depende da presença constante dos funcionários no local de trabalho? 




Há demanda que justifique o retorno dos trabalhadores? 




Caso haja demanda, quantos funcionários são necessários no local de trabalho e por quanto tempo?




A realidade de cada empresa, de cada setor e de cada região é muito particular e tem variado rapidamente ao longo do último período. Mas se há uma regra que todos os líderes devem seguir na relação com seus subordinados é a confiança. 




Embora o funcionário reconheça as dificuldades das empresas, seu comprometimento e sua produtividade serão totalmente afetados pela convicção de que sua empresa está levando em conta, para além dos seus ganhos, a segurança de seus colaboradores.




Nesse sentido, é fundamental que as companhias tomem todas as precauções que estejam ao seu alcance para mitigar os riscos de contaminação de seus funcionários. Seja fornecendo equipamentos de proteção, seja promovendo a ventilação de escritórios fechados, seja evitando o contato físico entre colegas, clientes e fornecedores. 




Por fim, voltar ao trabalho presencial não quer dizer, necessariamente, repetir tudo como era antes da pandemia. A crise que vivemos, apesar de todos os prejuízos que tem provocado, deve servir como uma oportunidade para repensar práticas e dinâmicas incompatíveis com a nova realidade. O retorno não será fácil, mas ele pode inaugurar uma organização melhor do que aquela que interrompemos.