Mais do que salário, profissionais valorizam também benefícios ao buscar novas oportunidades

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP

Os profissionais de hoje não olham apenas para a remuneração ao vislumbrar a carreira ideal. É claro que um bom salário é um objeto comum de desejo. Porém, os profissionais de hoje têm, cada vez mais, valorizado melhores condições de trabalho e benefícios oferecidos pelas empresas.

Entre eles, destacam-se um ambiente interno seguro e saudável, uma jornada flexível, a existência de um propósito na empresa, seu compromisso socioambiental e com a diversidade, a valorização da equipe, a possibilidade de desenvolvimento e, estimulada pela pandemia, a possibilidade de home office.

Uma pesquisa encomendada pelo Estado de S. Paulo e feita pela Revelo questionou mais de 300 profissionais brasileiros o que eles consideram características da empresa dos sonhos. Os resultados mostram que, para 69% deles, o horário flexível de trabalho e o home office são critérios fundamentais. 36% apontaram para um salário acima da média do mercado, mesmo índice daqueles que valorizam o compromisso da companhia com a diversidade, a sustentabilidade ambiental e outros propósitos sociais. 18% indicaram a participação nos lucros e 15% bônus por performance.

A valorização de benefícios desvinculados à remuneração e ao sentido encontrado no trabalho é expressiva, sobretudo, entre os mais jovens. 41% dos profissionais com 18 a 23 anos priorizam o home office e a flexibilidade da jornada e são eles também os que mais prezam pelo compromisso das empresas com a promoção da diversidade, o respeito ao meio ambiente e outros impactos sociais dos negócios.

Foi-se o tempo, portanto, em que o trabalho era percebido apenas como um meio de sobrevivência e de obtenção de renda. Na medida em que as jornadas se tornaram maiores e mais exaustivas, as pessoas têm buscado conciliar melhor a vida pessoal e profissional. Assim como privilegiam carreiras carregadas de um sentido mais amplo, com impactos reais e positivos sobre a sociedade.

É levando isso em conta, aliás, que as empresas têm se adaptado para atrair e reter os melhores talentos. Pois para isso, já não basta oferecer bons salários e perspectivas de crescimento profissional. É preciso, como vem fazendo um número crescente de companhias, garantir uma ampla gama de benefícios que aumentem o bem-estar do funcionário e projetem uma imagem positiva do ambiente profissional e de seus objetivos sociais. Daí as preocupações cada vez mais comuns em divulgar o que seria a cultura da empresa e os perfis com os quais ela conta para o seu desenvolvimento.

Considerando essas novas expectativas em relação ao trabalho, com as pessoas menos propensas a fazer suas escolhas com base, exclusivamente, no resultado financeiro de suas carreiras, diversas empresas têm demonstrado que salário e propósito podem andar juntos. O que seduz os melhores profissionais e favorece o seu desempenho, pois assim se sentem parte de algo maior e dotado de sentido.

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