Trabalho e felicidade: uma relação difícil, mas necessária
24/03/2023
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP
Na última segunda-feira, 20 de março, foi comemorado o dia internacional da felicidade. Uma data em que, desde 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra um sentimento central para a vida e o bem-estar humano.
Quando pensamos em felicidade, porém, uma contradição chama a atenção. Uma das ocupações que mais toma o nosso tempo, o trabalho, geralmente não está associada à sensação de felicidade. Pelo contrário, é com tudo aquilo que foge às responsabilidades profissionais que costumamos relacionar momentos de prazer.
Os efeitos negativos disso são diversos. A infelicidade no trabalho provoca, muitas vezes, estresse, ansiedade e depressão. Prejuízos conhecidos para a saúde mental e física e que foram agravados pela pandemia de Covid 19, a expansão do trabalho remoto e a diminuição das relações sociais.
Por outro lado, a felicidade no trabalho está associada a maior bem-estar, mas também ao sucesso profissional. É muito difícil encontrar alguém que seja infeliz no trabalho e que tenha uma carreira bem sucedida. Quem gosta e é feliz com o seu trabalho costuma ser mais produtivo, criativo e motivado.
É claro que nem sempre é fácil ser feliz no trabalho. É impossível ter prazer com todos os compromissos, prazos e responsabilidades. E tampouco controlamos tudo, muitas das atribuições profissionais dependem de colegas e outras pessoas. Mas há muitas coisas que controlamos até o limite em que a única saída para evitar a infelicidade é procurar um novo emprego.
A primeira iniciativa para ser feliz no trabalho é olhar e valorizar os lados positivos da profissão e do cargo que se ocupa. Se pensarmos no emprego apenas como um meio de garantir uma renda, é muito provável que seremos infelizes no dia a dia profissional.
Nesse sentido, é fundamental enxergar o propósito do que se faz. Ao entender as razões e os benefícios coletivos do seu trabalho, você acabará se sentindo parte de algo maior e mais realizado.
Outra medida importante é aceitar e encarar os desafios colocados pelo trabalho. Uma rotina repetitiva e sem novos objetivos desmotiva e acaba sendo monótona. Um envolvimento mais prazeroso com a carreira implica a sensação de acumular novas experiências e habilidades.
Por fim, o bem-estar e a felicidade no trabalho estão diretamente ligados às condições de equilibrar as vidas profissional e pessoal. Sem momentos de descanso e lazer com família e amigos, o estresse e a ansiedade se impõem e tornam impossível uma relação saudável com o trabalho.
Mas não cabe apenas aos próprios profissionais procurar meios de conciliar trabalho e felicidade. As empresas e suas lideranças têm um papel fundamental para garantir esse equilíbrio, que passa, necessariamente, por algum tipo de flexibilidade de regras e exigências. Assim como oferecer perspectivas de crescimento e um ambiente que estimule, mas também apoie e acolha os colaboradores.
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