Janeiro Branco: uma boa oportunidade para pensar e promover a saúde mental


18/01/2023
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP

Janeiro costuma ser um momento para pensar na vida, refletir sobre o que estamos fazendo, sobre o que queremos do ano que começa e sobre aquilo que precisamos fazer com esse propósito. Convém, portanto, que o mês associado à saúde mental seja justamente o primeiro do ano, por meio da campanha Janeiro Branco.

Neste ano, o tema da campanha é: a vida pede equilíbrio. Algo nada trivial em um mundo permeado de mudanças e novidades. Com o avanço das tecnologias, as comunicações e as relações pessoais e profissionais evoluem a um ritmo cada vez mais acelerado. Ao preço, muitas vezes, da tão necessária estabilidade psicológica.

Com transformações constantes, é difícil manter comportamentos, rotinas, sentimentos e expectativas estáveis. É como se a todo momento tivéssemos de nos adaptar a novidades e readequar nossos modos de vida.

O resultado disso consiste numa dificuldade crescente de alcançar diversos tipos de equilíbrio emocional, dentre eles a desejável harmonia entre as vidas profissional e pessoal. Pois embora a Covid esteja sendo assimilada pela sociedade, os efeitos da pandemia são duradouros e seguem influenciando as formas de trabalho.

O Relatório Mundial de Saúde Mental, da Organização Mundial da Saúde, de junho de 2022, revelou que um bilhão de pessoas sofrem algum transtorno mental. Estimativas da ONU sugerem que 12 bilhões de dia de trabalho são perdidos todos os anos devido à depressão e à ansiedade, com um custo econômico de quase um trilhão de dólares.

É sabido, afinal, que além de deteriorar a saúde física e mental das pessoas, o estresse ligado ao trabalho prejudica consideravelmente a produtividade dos profissionais.

Mas o que se pode fazer?

O primeiro passo é compreender que o bem-estar emocional é tão importante quanto a saúde física. Nesse sentido, avanços importantes têm ocorrido na contramão de uma cultura que ainda cerca de preconceitos e estigmas o tema da saúde mental.

Em seguida, é importante tomar alguns cuidados e algumas atitudes relacionadas ao comportamento cotidiano. Especialistas são unânimes ao recomendar a reserva de um tempo de descanso e lazer, momentos com as pessoas de quem se gosta, a prática de atividades físicas e uma dieta saudável.

Em relação ao trabalho, o desafio é preservar ao máximo um bom equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e a vida pessoal. Saber separar as coisas é imprescindível e aqui estamos falando das horas passadas no escritório ou em home office, mas também do uso indiscriminado de ferramentas de comunicação virtual ligadas às tarefas profissionais.

As empresas, por sua vez, também têm sua responsabilidade. Sabendo dos custos em produtividade de trabalhadores mentalmente adoecidos, cabe a elas investir em iniciativas que promovam o bem-estar emocional e dosar a carga de estresse e ansiedade que recai sobre os ombros dos seus colaboradores.

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