Cidades podem ser melhores ou piores para trabalhar


17/08/2022
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP

O equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional nunca recebeu tanta atenção como nos últimos anos.

A preocupação com o bem-estar já vinha crescendo, mas ganhou outra proporção com a pandemia de Covid-19, as transformações no trabalho e os efeitos sobre a saúde mental.

A pesquisa Equilíbrio entre Trabalho e Vida Pessoal, da empresa de tecnologia Kisi, no entanto, mostrou que não depende apenas do profissional, ou da tarefa que se realiza, a qualidade da relação que estabelecemos com o trabalho.

A cidade em que se vive, por uma série de fatores, contribui ou prejudica o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. E o estudo classificou as melhores e as piores delas.

Entre as 100 cidades analisadas, São Paulo – a única brasileira na lista – ocupa a 97ª posição. A primeira colocada é Oslo, capital da Noruega, seguida de Berna, capital suíça e Helsinque, capital da Finlândia. Atrás de São Paulo, estão apenas a Cidade do Cabo, na África do Sul, Dubai, nos Emirados Árabes, e Kuala Lumpur, capital da Malásia.

Os critérios para a classificação dos municípios foram divididos em três categorias. A primeira delas buscou medir a intensidade do trabalho por meio de dados como dias de férias, população sobrecarregada, proporção de pessoas com mais de um emprego e dias de licença parental.

Outra categoria levou em consideração a qualidade das instituições e das relações sociais através de indicadores sobre o atendimento de saúde, o acesso a tratamentos de saúde mental, o impacto da Covid-19, inclusão e tolerância às diferenças.

A terceira categoria diz respeito à convivência na cidade, ou seja, opções de cultura e lazer, acessibilidade, segurança, oferta de espaços ao ar livre, transporte e bem-estar. No total, mais de 130 indicadores foram analisados para se chegar ao resultado.

É claro que o equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional dependem do tipo de trabalho e das condições de vida de cada um. Mas ao pensar em realização e bem-estar, não podemos ignorar o lugar onde vivemos. Para além de iniciativas individuais, que podem favorecer ou prejudicar a saúde mental e a relação com o trabalho, políticas públicas ligadas à cidade são imprescindíveis para melhorar esse equilíbrio.

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