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Desigualdade racial no mercado de trabalho cresce com a pandemia e bate recorde

A crise de 2015 já havia intensificado a desigualdade racial no mundo profissional. No entanto, a pandemia de covid19 agravou o quadro e fez com que a diferença na taxa de desemprego entre negros e pardos, de um lado, e brancos, do outro, alcançasse um patamar inédito desde o início da série histórica, em 2012.


Afinal, o fechamento de milhões de vagas formais e a impossibilidade de exercer atividades informais atingiram com mais força os negros e pardos, dos quais 15,8% estavam desempregados em junho. Entre os brancos, o índice era de 10,4%, segundo os dados da Pnad contínua, realizada pelo IBGE.




A expressiva discrepância entre esses grupos decorre de outra dimensão da desigualdade racial no mercado de trabalho. Pois na medida em que a população negra e parda ocupa os cargos de menor qualificação, ela é a primeira a ser atingida em meio a uma crise econômica, em que empresas tendem a preservar os trabalhadores mais qualificados.


Por outro lado, essa mesma população é majoritária entre os trabalhadores do mercado informal e foi mais atingida pelas restrições impostas à circulação. De abril a junho, diminuiu em 24,9% o número de pessoas trabalhando sem carteira assinada. No mesmo período, as vagas de trabalhadoras domésticas, caíram 24,6%, deixando um número expressivo de mulheres negras sem qualquer fonte de renda. Com efeito, a taxa de desemprego entre mulheres negras, pardas e indígenas era de 18,2% em junho, contra 11,3% entre mulheres brancas.




O que mais chama a atenção é que a expansão da desigualdade no mercado de trabalho ocorre apesar da redução da desigualdade em termos de escolaridade. Pois entre 2014 e 2019, o número de anos de estudo dos negros aumentou, em média, 12,1%, enquanto entre os brancos o avanço foi de 7,5%. Mas a despeito da redução da desigualdade de qualificação, a renda dos negros recuou 4,9% e a dos brancos aumentou 1,8%, em média, no mesmo período.



O descompasso entre escolaridade e renda, em relação à raça, portanto, pode ser explicado pelo persistente preconceito contra os negros na sociedade brasileira. Embora diversos atores e grupos estejam se levantando contra o racismo, a discriminação continua estruturando relações pessoais e profissionais, em detrimento da ascensão social de homens e, sobretudo, mulheres negras.



É fundamental, assim, que as empresas debatam o assunto e revejam a prática recorrente de contratar e promover pessoas semelhantes àquelas que ocupam posições de liderança. Enquanto não houver estímulos e políticas explícitas de acesso a oportunidades, o quadro de desigualdade tende a perdurar.

Coursera oferece mais de 100 cursos gratuitos e à distância até o fim do ano

A difusão do home office e o número elevado de demissões causados pela pandemia do novo coronavírus levaram muitas pessoas a buscar cursos online.


E a boa notícia para quem está a procura de maior qualificação é que a Coursera, uma das maiores plataformas digitais de aulas à distância, liberou mais de 100 de seus cursos.




Alguns deles oferecidos, inclusive, por renomadas universidades americanas, como Harvard e Yale, e por grandes empresas, como Google e Facebook.


Quanto aos temas e ao nível dos cursos, impera a diversidade. Há desde aulas de música até cursos sobre ciências humanas e saúde pública, que são voltados tanto para estudantes pouco familiarizados com as respectivas áreas quanto para profissionais experientes.




Com a liberação desses cursos, os alunos terão acesso a opções antes exclusivas para assinantes, como leituras complementares e correção de exercícios. A maioria dos cursos oferece também aos inscritos certificados de conclusão que podem, por exemplo, ser registrados no Linkedin.



Além de aumentar a cultura e desenvolver as habilidades, portanto, cursos online se tornaram um atributo importante para qualquer profissional. Com mais tempo livre e com uma concorrência mais acirradas pelas vagas disponíveis, um currículo recheado de certificados se tornou mais acessível e pode fazer a diferença na hora de procurar emprego e de corresponder às expectativas das empresas.



Confira as opções de cursos gratuitos em: https://www.coursera.org/


O crescimento do trabalho fora do expediente e seus impactos sobre a saúde mental

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP


Com as pessoas em casa e com acesso à internet na maior parte do tempo, os limites entre vida pessoal e trabalho, que já vinham se tornando mais fluidos, praticamente desapareceram. A qualquer momento, funcionários podem consultar mensagens profissionais e receber pedidos, o que prejudica o descanso e a própria ideia de momentos de lazer.


Um estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que, ao tornarem o trabalho onipresente, o celular e novas tecnologias promovem uma sobrecarga psicológica que prejudica a saúde mental. Por outro lado, quem consegue separar melhor as vidas pessoal e profissional lida melhor com o estresse ligado ao trabalho e sofre menos com seus efeitos físicos.




Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estudaram, durante cinco semanas, a rotina de 546 professores para analisar os efeitos da comunicação profissional fora do expediente. O objetivo era avaliar se a restrição desse contato teria algum impacto sobre seu bem-estar.


A pesquisa revelou que aqueles que mantiveram o celular desligado ou as notificações de e-mail desativadas, foram menos interpelados por diretores das escolas, chefes e pais de alunos fora do horário de trabalho. Ao serem menos reativos ao contato, eles deixaram claro que não estavam disponíveis naqueles momentos. O resultado percebido foi uma menor carga de estresse sobre esses professores.



É evidente que não podemos ignorar a importância das novas tecnologias para um mundo do trabalho cada vez mais dinâmico. Mas é fundamental, por outro lado, colocar freios no pensamento de que os funcionários estão sempre disponíveis. Uma prática que compromete profundamente sua saúde mental e, consequentemente, sua produtividade.



Nesse sentido, os pesquisadores de Illinois mostraram também a necessidade de gestores que respeitem a distinção entre as vidas profissional e pessoal de seus colaboradores. Uma saída sugerida por eles, e que faz sentido, é o estabelecimento de regras para a comunicação entre chefes e funcionários fora do expediente.



Algo que já era importante antes da pandemia, mas que ganhou outras proporções com as novas dinâmicas profissionais. No início do ano, um estudo da consultoria Randstad revelou que 59% dos brasileiros acreditavam que seus empregadores esperavam que eles estivessem disponíveis para além do horário de trabalho. Hoje, com a fronteira entre trabalho e lazer ainda mais borrada, é fundamental que empregadores e funcionários fiquem atentos a um equilíbrio cada vez mais difícil.


Dicas de como não procrastinar no home office

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Para além dos seus livros, a escritora canadense Margaret Atwood é famosa pela sua tendência à procrastinação. Ela mesma se define como uma especialista em adiar tarefas e conta que já passou inúmeros dias vendo vídeos, lendo notícias e deixando para cumprir os compromissos no último momento possível.



Tudo isso é muito comum. A procrastinação, ou deixar para depois, afeta quase todas as pessoas e em diferentes momentos e lugares. Mas com a generalização do home office, quem não estava acostumado a ficar em casa tem sofrido para organizar a rotina de trabalho.





Afinal, com a distância física dos chefes e colegas e as atrações e afazeres domésticos, a tendência natural de adiar tarefas que nos provocam sensações de ansiedade e tédio só aumenta.



O que muitos dos profissionais se perguntam diariamente é como evitar isso. Em conversa com o psicólogo Adam Grant em episódio do podcast Ted Work Life (disponível em: ted.com/podcasts/worklife), Margaret Atwood elencou as técnicas que a ajudam a cumprir prazos.





O fundamental, segundo Atwood, é evitar as emoções negativas que nos levam a adiar obrigações. E as dicas que ela dá para isso são:



1. Seja amável com você





Procrastinar é humano e todas as pessoas adiam tarefas pelo menos de vez em quando. Condenar seu comportamento no passado não vai ajudar a mudar os hábitos. A culpa, ao invés de servir de estímulo, só faz aumentar a procrastinação.



2. Seja humilde nas suas ambições





Expectativas muito altas sobre a qualidade do trabalho levam a um perfeccionismo neurótico prejudicial ao trabalho. A dica de Atwood é deixar para avaliar o resultado depois de pronto. Avance, produza e depois você verá se o que fez vale a pena ou deve ser descartado.



3. Seja rigoroso com os deveres





É imprescindível controlar vontades que levam à dispersão. Contribui para isso organizar previamente o tempo e tomar medidas que evitem distrações. Uma ótima forma de começar, por exemplo, é definindo um tempo curto para realizar tarefas simples.



4. Faça uma lista de coisas a não fazer





O comum é criar listas de coisas pendentes. Mas Atwood sugere fazer o contrário: uma lista de proibições, que variam de pessoa para pessoa. Em sua lista consta não tuitar ou abrir o Twitter enquanto está escrevendo. Mas poderia incluir não ligar a televisão ou abrir as redes sociais constantemente.

Como encarar a volta ao trabalho

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Um dilema que tem se apresentado à líderes de diversas áreas neste momento de flexibilização das regras de isolamento social diz respeito ao retorno, ou não, ao trabalho presencial. Uma decisão que não é simples e que deve levar em conta uma série de fatores. 



O primeiro e mais evidente deles é o econômico, já que a própria sobrevivência de muitas empresas está em jogo. Cumpre saber, porém, se recuperar as antigas práticas de trabalho será benéfico à empresa em meio a uma situação em que é difícil prever a evolução da demanda pelos seus produtos e serviços.





O segundo fator incontornável é o sanitário. Fazer os funcionários voltarem ao trabalho significa expô-los, em maior ou menor medida, à contaminação. E tomar qualquer decisão nesse sentido ainda implica enfrentar as incertezas que rondam a natureza do vírus e de sua disseminação. 




É verdade que muitos profissionais estão ansiosos para voltar a frequentar o ambiente comum de trabalho. Reconhecem que seus empregos dependem do melhor funcionamento das empresas, e também sentem a falta do convívio com os colegas. 





No entanto, os funcionários também se preocupam com os riscos envolvidos no retorno à normalidade. Pesquisas têm mostrado que, no Brasil, por exemplo, mais de 90% deles estão preocupados com uma maior exposição ao vírus no local de trabalho e em atividades relacionadas a ele.




Em suma, a decisão de pedir aos empregados que voltem ao trabalho presencial não é fácil e não conta, hoje, com uma saída única e correta. O que líderes e executivos de pequenas ou grandes empresas podem fazer é considerar questões cruciais antes de qualquer definição.




Algumas das perguntas que eles devem se fazer são as seguintes: 




O funcionamento da empresa depende da presença constante dos funcionários no local de trabalho? 




Há demanda que justifique o retorno dos trabalhadores? 




Caso haja demanda, quantos funcionários são necessários no local de trabalho e por quanto tempo?




A realidade de cada empresa, de cada setor e de cada região é muito particular e tem variado rapidamente ao longo do último período. Mas se há uma regra que todos os líderes devem seguir na relação com seus subordinados é a confiança. 




Embora o funcionário reconheça as dificuldades das empresas, seu comprometimento e sua produtividade serão totalmente afetados pela convicção de que sua empresa está levando em conta, para além dos seus ganhos, a segurança de seus colaboradores.




Nesse sentido, é fundamental que as companhias tomem todas as precauções que estejam ao seu alcance para mitigar os riscos de contaminação de seus funcionários. Seja fornecendo equipamentos de proteção, seja promovendo a ventilação de escritórios fechados, seja evitando o contato físico entre colegas, clientes e fornecedores. 




Por fim, voltar ao trabalho presencial não quer dizer, necessariamente, repetir tudo como era antes da pandemia. A crise que vivemos, apesar de todos os prejuízos que tem provocado, deve servir como uma oportunidade para repensar práticas e dinâmicas incompatíveis com a nova realidade. O retorno não será fácil, mas ele pode inaugurar uma organização melhor do que aquela que interrompemos.

A Solidariedade nesses tempos de pandemia

Por Laércio de Oliveira Pinto – Sócio fundador da Data4Business Soluções Inteligentes para Negócios e Ex Presidente da Unidade de Serviços de Crédito da Serasa Experian




Três palavras do nosso léxico ganharam relevância singular durante esses tempos de pandemia: empatia, ressignificação e solidariedade.




Cada uma delas, à sua maneira, tem o poder de nos fazer olhar o mundo de um jeito mais altruísta e humanitário. E juntas, então, têm o condão de despertar nas pessoas o dom da piedade, da caridade e a disposição de ajudar o próximo.





Vamos então refletir sobre os significados dessas palavras que têm o poder de mudar o nosso jeito de ser e nos fazer desencadear tanto bem. A primeira delas é empatia que, segundo o INPA – Instituto de Psicologia Aplicada, pode ser classificada em três tipos:




Empatia cognitiva

Capacidade de entender como o outro sente e, até mesmo, o que ele está a pensar.




Empatia emocional ou afetiva

Capacidade de compartilhar os mesmos sentimentos de outro indivíduo. Há determinadas pessoas que chegam, inclusive, a “sentir” a dor do outro, no seu coração



Empatia compassiva

Vai além de compreender e compartilhar sentimentos. A pessoa age e ajuda os outros o quanto pode.




As outras duas palavras transformadoras de atitudes são:



Ressignificação

De acordo com a neurolinguística, é o método utilizado para fazer com que pessoas possam atribuir novo significado a acontecimentos, por meio da mudança de sua visão de mundo.



Solidariedade

Que como nos ensina o dicionário, é o sentimento que leva alguém a se dispor a ajudar outro ou outros ou a compartilhar o seu infortúnio.




Não basta, no entanto, que essas palavras mágicas simplesmente alcancem nossas mentes e nossos corações.




É necessário se organizar ou fazer uso das estruturas já existentes para que cada um possa doar um pouco de si e assim ajudar outras pessoas em situações de vulnerabilidade ou com alguma dificuldade circunstancial a superarem seus problemas.




Inúmeras pessoas contagiadas por esse sentimento de solidariedade tomaram uma atitude e contribuíram de forma decisiva para melhorar a vida de outras pessoas, atingidas pelos efeitos nefastos dessa pandemia, em todos os cantos do país.




Compre essa ideia e faça a diferença!
Ainda há tempo!

AS “MENTIRINHAS” NOS CURRÍCULOS

Por Eliane Franco Figueiredo – CEO Projeto RH




Muito se tem falado, ultimamente, sobre dados inverídicos nos currículos, fazendo coro com problemas apontados e bastante discutidos quando da indicação do futuro ex-Ministro da Educação.
Posso afirmar que esses fatos não representam nenhuma grande novidade, principalmente, para aqueles que, como nós, trabalham com Recrutamento e Seleção.
Essa prática de colocar no curriculum algumas “pequenas inverdades” ocorre, infelizmente, em diversos níveis de cargos: desde funções iniciais no mercado corporativo, até posições executivas.




Em estudo de 2019, de uma consultoria de outplacement, constatou-se que, 75% dos brasileiros, ou seja, três a cada quatro brasileiros “mentem” em seus currículos. Esse é um número muito preocupante!! Em nossa experiência, não chegamos a esses níveis, mas podemos dizer que os problemas são bem frequentes e, geralmente, ocorrem nos campos de formação acadêmica, conhecimentos de idiomas e no histórico profissional.





No âmbito de domínio de línguas estrangeiras, algumas pessoas tendem a informar que possuem um nível de proficiência de determinado idioma superior à realidade e, quando são submetidos a testes de fluência, o nível de conhecimento alegado não se sustenta, causando, decepção para o candidato, para o avaliador e para a empresa contratante. Ainda nesse capítulo, chama mais atenção aqueles que se dizem fluentes em espanhol. Talvez pelo fato de, existirem palavras “parecidas” com o português, algumas pessoas, equivocadamente, acreditam que possam ter resultados positivos nas avaliações aplicadas o que, geralmente, não ocorre.




Com relação à formação acadêmica e/ou cursos complementares, os principais “equívocos” são afirmar que um curso foi concluído, quando ele ainda está em andamento, ou está trancado! Ou mesmo, atribuir uma categoria a um curso, dizendo, por exemplo, que é pós-graduação, quando se trata de especialização.





Quanto ao histórico profissional, os problemas podem ser vários: omissão de empregos, mudanças de datas de entrada e saída nas empresas e, também, cargos que não foram ocupados.





Em resumo, a utilização dessas práticas, é totalmente desaconselhável, pois as informações podem ser desmentidas com cruzamentos de dados e, na maioria das vezes, até mesmo, com contradições que surgem na própria entrevista de seleção. Já vimos, infelizmente, admissões canceladas por inverdades detectadas, quando o candidato entrega documentos para contratação.




Na nossa visão, o correto para quem está à procura de um novo trabalho é elaborar o currículo de maneira clara e objetiva, destacando informações que possam ser comprovadas. Do contrário, o raciocínio que, geralmente, pode ser feito é que se o profissional insere uma informação mesmo que “parcialmente inverídica” ele pode fazer o mesmo ao longo de sua futura carreira na empresa, caso seja contratado.




Tenha em mente que, “maquiar” o currículo pode e, quase sempre representa, perda de oportunidades importantes para a vida profissional. Os exemplos recentes não deixam dúvidas!!

Insights – Live Inserção de Refugiados – Grupo Mulheres do Brasil

Por Eliane Franco Figueiredo – Diretora Projeto RH – Lider Inserção do Comitê Inserção de Refugiados do Grupo Mulheres do Brasil




Na última quinta-feira, 25 de junho, foi transmitida, pelo canal do Grupo Mulheres do Brasil no Youtube, a live “A Contribuição dos Refugiados para o Crescimento do Brasil




Aproveitamos a ocasião do Dia do Imigrante, comemorado nesta data, e do Dia Mundial do Refugiado, celebrado no último dia 20, para apresentar um pouco da realidade de pessoas nessas condições. Homens e mulheres que, por motivos como perseguição política e religiosa, conflitos civis e escassez econômica, são levados a deixar empregos, famílias, amigos e cultura para trás e recomeçar tudo em outro país.





Participaram da conversa, mulheres que vivem na pele, já há alguns anos, os desafios que imigrantes e refugiados encontram para reconstruir suas vidas no Brasil. E, também, mulheres que dedicam parte de seu tempo e de sua energia para acolher e integrar essas pessoas ao mercado de trabalho de nosso país e, assim, promover a sua inserção na sociedade.




Chieko Aoki, presidente do grupo hoteleiro Blue Tree e que conduziu junto com o Comitê de Inserção de Refugiados do Grupo Mulheres do Brasil um importante programa de capacitação para refugiadas no ano passado, contou um pouco sobre a história de sua família. Vindos do Japão, seus pais foram lavradores no interior de São Paulo e contaram com a ajuda de muitos brasileiros para iniciar sua trajetória por aqui.





A síria Gazhal Baranbo, que deixou seu país em 2012 em meio a uma guerra civil, também participou. Ela chegou a montar um restaurante e a empregar brasileiros em seu negócio. Mas sem conhecer quase ninguém por aqui e sem ter com quem deixar seus filhos pequenos, teve de fechar as portas. Seu marido, engenheiro formado, não conseguiu validar seu diploma e trabalha como Uber. Atualmente, os dois preparam e vendem comida árabe.





Na live, pudemos conhecer um pouco também da trajetória de Renée. Vinda da Guiana Inglesa, ela chegou em Manaus em 2011 sem falar uma palavra de português. Até hoje ela se lembra com carinho de uma vizinha que, apesar dos limites da comunicação, lhe ajudou muito no período inicial de adaptação à língua e ao país que ela acabara de conhecer.




Renée contou que, depois de um curso para a confecção de bonecas, começou a trabalhar com isso. Mas logo percebeu que faria mais sentido fazer bonecas negras, mais afeitas às suas origens e a parte negligenciada da cultura brasileira.




A experiência tanto de Ghazal quanto de Renée mostram que, embora tenham que enfrentar grandes desafios para reconstruir suas vidas, imigrantes e refugiados contribuem para o desenvolvimento econômico e cultural dos países de destino. E no Brasil não é diferente.




Elas reconhecem a importância de poder contar com os mesmos direitos dos brasileiros no acesso a serviços públicos como saúde e educação. Mas reforçam que, assim como qualquer outro cidadão, consomem, trabalham e pagam impostos.




Chieko ainda reforçou que pessoas que tiveram que abandonar seu país de origem tendem a se destacar pela resiliência. Aprender um novo ofício, por exemplo, é tarefa simples para quem enfrenta o desafio de recomeçar do zero. Nem sequer aqueles mais qualificados, que contam com ensino superior, têm vida fácil. Pois têm de lidar com um processo que costuma ser burocrático, caro e lento para obter o reconhecimento de seus diplomas e, na maioria vezes, essa tentativa não tem êxito.




Discutimos também como a crise imposta pelo Coronavírus tem sido dura para os refugiados. Em um relatório publicado pela Acnur no mês de junho, três questões são apontadas como principais motivos de preocupação: a crise sanitária, que atinge sobretudo aqueles em condição de vulnerabilidade; a crise econômica, especialmente prejudicial aos trabalhadores sem vínculos formais; e a crise de proteção provocada pelo fechamento de fronteiras, já que refugiados encontram agora mais dificuldade para regularizar sua situação.




No Brasil, eles têm sofrido principalmente com o segundo ponto levantado acima. Na medida em que a maioria dos imigrantes e refugiados atua no mercado informal, muitas vezes como camelôs e vendedores ambulantes, sua principal fonte de renda desapareceu com a pandemia.




Nesse sentido, tivemos que adaptar as ações do nosso Comitê. Com atividades voltadas especialmente para a capacitação e a empregabilidade, tivemos que fazer um parênteses nesse período e deslocar nossos esforços para a doação de alimentos e produtos de higiene. Afinal, sem renda, as pessoas têm se deparado com as necessidades mais básicas.




Gazhal, por exemplo, contou que boa parte de sua demanda provinha de eventos. Assim, passou a fazer delivery de alimentos. E, com a crise, apesar das dificuldades, passou a fazer comida para pessoas com mais de 65 anos que não podem sair de casa. Depois, foi contratada pela ONG Estou Refugiado, representada na live por sua Diretora Executiva, Luciana Capobianco, para preparar marmitas para refugiados africanos em São Paulo, o que foi de grande ajuda para sua sobrevivência, além de contribuir para a sobrevivência de outros refugiados.




Juliana Algodoal , que também lidera o Comitê, comentou que os projetos de capacitação profissional destinados à inserção de refugiados no mercado de trabalho estão em segundo plano atualmente. Preparar essas pessoas e ajudá-las a encontrar emprego continua sendo fundamental, mas, neste momento, a prioridade é garantir meios mínimos de sobrevivência.




Renée, por sua vez, está conseguindo vender poucas bonecas e, portanto, passou a confeccionar máscaras contra o Coronavírus. Muitas delas, aliás, com tecidos africanos. E mesmo que essa tenha se tornado sua principal fonte de renda, ela doa parte das máscaras a pessoas que não podem pagar por elas. Para Renée, numa fala que foi reforçado por Chieko, nós temos duas mãos: uma para dar e outra para receber.




Era justamente essa a mensagem que queríamos passar nessa live. Uma mensagem de solidariedade e acolhimento a pessoas que não reivindicam nenhum privilégio, apenas a oportunidade de construir suas vidas longe das dificuldades que as trouxeram até aqui.

Pandemia agrava a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho.

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP




Vários dos efeitos do novo coronavírus sobre a economia e o mercado de trabalho seguem desconhecidos e despertam todo tipo de especulação. Outros, no entanto, são muito concretos e já se fazem sentir no cotidiano de milhões de mulheres.




Com efeito, uma das consequências mais marcantes da pandemia é o aprofundamento da desigualdade de gênero no mundo do trabalho. Diversos estudos têm mostrado como as mulheres são mais prejudicadas que os homens pelas políticas de combate ao vírus.





O que acontece em função de dois fatores principais. De um lado, as áreas de atuação profissional delas foram mais afetadas e seus vínculos de emprego são mais frágeis. Por outro, a sobrecarga de tarefas domésticas tende a pesar muito mais nos ombros delas do que nos deles.




Informalidade e serviços

Com crises dessa magnitude, os trabalhadores mais protegidos são aqueles com relações formais de trabalho. Embora as empresas em que trabalham também sejam afetadas, eles contam com uma série de direitos e garantias do Estado.





Já os profissionais informais e os que trabalham por conta própria tendem a sofrer mais. Sobretudo na medida em que, com as regras de isolamento social, não podem, muitas vezes, desempenhar suas atividades.





Uma realidade que se abate com mais força sobre as mulheres do que sobre os homens. De acordo com dados da ONU Mulheres, 54% das mulheres latino americanas conseguem sua renda no trabalho informal. E boa parte delas atua em serviços considerados não essenciais, interrompidos frente à disseminação do vírus.




Para agravar esse quadro, os cargos ocupados por mulheres são, na média, menos qualificados e, então, menos sujeitos ao teletrabalho em relação aos dos homens. De tal forma que trabalhar de casa não é uma opção para a grande maioria delas.



Dupla jornada mais carregada

Um efeito indireto do coronavírus sobre o emprego e a renda das mulheres diz respeito ao crescimento das tarefas domésticas provocado pelo isolamento social.




Pesquisa que envolveu três faculdades norte-americanas, dentre as quais a Universidade da Califórnia, revelou que o fechamento de creches e escolas aprofunda uma divisão já desigual entre homens e mulheres no cuidado com os filhos.




Nos Estados Unidos, em média, as mães gastarão mais 12 horas por semana na atenção às crianças. Contra 8 horas adicionais para os pais. Um tempo que poderia ser usado para o trabalho e o consequente desenvolvimento da carreira.




O que é explicado, geralmente, pela remuneração mais alta dos homens. No entanto, o peso da cultura e da tradição ainda é grande ao relegar a responsabilidade pela casa às mulheres. Pois estudos mostram que mesmo em casais com profissões e salários semelhantes, a desigualdade se faz presente.



Quer conhecer alguns dos Insights para o mercado pós pandemia de dois dos mais importantes especialistas?

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP




– 1) empresas terão que abandonar a “gambiarra digital”. ou é digital mesmo ou não é. Plataformas digitais competentes mesmo que sejam pequenas são as que vão sobreviver.


– 2) comércio online deixa de ser uma opção secundária de compras. As lojas físicas serão redesenhadas como espaços de experimentação da marca, mas as vendas migrarão mais rápido para o online do que se imagina antes.


– 3) 95% das lojas Starbucks foram reabertas na China, mas o movimento na loja é de 60% do que era. As pessoas não consomem mais na loja, compram e vão embora. Starbucks tem que rever o modelo reduzindo espaço de convivência.


– 4) Os maiores varejistas americanos já demitiram mais de 1 milhão de pessoas e devem reempregar somente 85 % deles no fim da crise. A explicação é que o comércio tradicional vai encolher.


– 5) o negócio de seguradoras vai sofrer profundas transformações.


– 6) educação online está se provando no meio da crise. Vai haver uma revolução na forma como se aprende em todos os níveis sai o estoque just in time e entra o just in case. as empresas aprenderam com a crise que precisam ter estoques maiores de segurança, principalmente as que tem cadeias longas de fornecimento.


– 7) EUA desenvolveram nas últimas décadas uma cadeia de supply com a China, com o tempo os americanos perderem capacidade tecnológica de fabricar no país. Isso vai mudar por questões de segurança. O globalismo sofrerá um duro revés, substituído pelo protecionismo.


– 8) não existe setor da economia ou tamanho de negócio que possa dizer “eu não tenho necessidade de investir no digital”. Quem pensar assim não tem futuro.


– 9) hábitos de viagem mudarão radicalmente. Redução absurda nas viagens de negócios substituídas pelas vídeo calls. Viagens de lazer serão mais para o interior junto a natureza em lugares com baixa concentração de pessoas.


– 10) existem 1.700.000 vírus detectados em animais, desses 1.700 são corona vírus. Temos que aprender com essa crise e preventivamente estarmos prontos para ter um surto por década.


– 11) o modo de viver, de se relacionar, de trabalhar vai mudar tanto que nós dividiremos a história em “Antes do Corona” e “Depois do Corona”.


– 12) essa crise traz a oportunidade de uma grande revolução nos sistemas de educação e de saúde usando o online para atender a população.


– 13) direitos individuais x saúde será um dos grandes debates no mundo a medida em que rastrear individualmente cada indivíduo é uma das estratégias mais eficazes de controle de epidemias, mas pode ser usado pelos Governos para controle das pessoas.


– 14) o consumidor foi “forçado” a migrar nesse momento para o comércio online. As empresas que conseguirem proporcionar uma experiência muito boa em todos os aspectos não perderão esse cliente para as lojas físicas ao fim da pandemia. Ao contrário, as empresas que se mostrarem despreparadas perdem espaço.


– 15) assim como os remanescentes da antiga indústria americana tem dificuldades de se recolocar e acabam por sustentar posições políticas protecionistas (que culminou com a eleição do Trump), esse movimento vai se alastrar pelo mundo com o crescimento rápido da indústria digital. Conclusão: quem hoje está ocupado já precisa começar a pensar na sua futura profissão, tem que se atualizar o tempo todo nas novas tecnologias. As empresas de educação e o MEC precisam se comunicar com o mercado incessante e entender as necessidades para fornecer os conteúdos demandados que não são mais aquilo que as universidades hoje entregam aos alunos. Retreinamento contínuo. Na sociedade do conhecimento não existe “ex-aluno”. Ou você está aprendendo o tempo todo ou você está desempregado.


– 16) não vejam a crise como momento de cortar custos. Pensem em investir em novas áreas, em novas tecnologias, vai ter muita oportunidade para as empresas que agirem rápido, vamos renascer num mundo novo, viveremos um “novo normal”, a vida vai ser diferente, ninguém sabe exatamente como mas temos que estar abertos e preparados para nos adaptar com agilidade ao que vier pela frente.


– 17) o setor agrícola brasileiro tem uma oportunidade de ouro, precisa investir cada vez mais em tecnologia e digitalização, e na qualificação dos seus profissionais e gestores.


Autores: Silvio Meira- Professor e fundador do Cesar e
Divesh Makan- Founder da Iconic