Trabalho remoto dá sinais de que veio para ficar, mas também enfrenta desafios
15/02/2023
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP
Embora o arrefecimento da pandemia tenha diminuído significativamente a prática do teletrabalho, muitos profissionais seguem atuando em casa e não devem voltar tão cedo a frequentar escritórios.
É o que revela um estudo da FGV que comparou dados de outubro de 2021 e outubro de 2022. Nesse período, a porcentagem de empresas que adotam o teletrabalho passou de 58% para 33%, enquanto a proporção de trabalhadores em regime de home office (ou semipresencial) foi de 55% para 34%.
A redução é expressiva, mas o que mais chama a atenção é a permanência de uma parcela importante dos profissionais em modelos de trabalho que, antes da pandemia, eram praticamente inexistentes e só diziam respeito a 7% dos profissionais.
A expectativa geral era de diminuição maior do home office com o fim da crise da Covid, mas isso não aconteceu e a tendência é de que não aconteça daqui em diante. Mesmo que boa parte dos trabalhadores estejam em regime híbrido, ou seja, trabalhando dias alternados em casa e na sede da empresa.
Os motivos para a permanência de muitos profissionais longe dos escritórios são diversas e passam, primeiro, pela produtividade. Por parte das empresas, elas reportam, em média, 23% de aumento na produtividade dos funcionários em home office. Entre os trabalhadores, 41% se considera tanto ou mais produtivo em casa.
Outro fator que incentiva o trabalho remoto diz respeito aos benefícios ligados a ele. A começar pela redução do tempo de locomoção, que tem impacto direto sobre a qualidade de vida.
Mas ainda há desafios. Sobretudo para pequenas e médias empresas, que por vezes encontram limites na incorporação da tecnologia necessária para o trabalho remoto. Por outro lado, há também uma dificuldade no que diz respeito à legislação trabalhista, ainda pouco adaptada a esse modelo de trabalho.
Portanto, se o trabalho remoto veio para ficar, ele encontra algumas barreiras e não se aplica a todas as situações nem a todos os profissionais. De acordo com pesquisa Datafolha de dezembro passado, por exemplo, 45% dos brasileiros ainda defendem uma jornada somente presencial.
Facebook Comments