Semana de 4 dias chega ao Brasil


06/09/2023
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencxesPo-Paris e Doutorando pela USP

O que para muita gente parecia um sonho está se tornando realidade. Em dezembro, empresas brasileiras vão começar a testar semanas de trabalho de apenas 4 dias –e sem redução de salário.

A iniciativa é coordenada pela 4 Day Week, organização global que estimula novas formas de trabalho e que tem se dedicado a experiências de redução dos tradicionais 5 dias semanais ao redor do mundo.

Na América Latina, o primeiro teste vai acontecer no Brasil e interessados podem inscrever suas empresas até o fim de agosto. O esperado é que em torno de 30 a 50 companhias participem da experiência.

Empresas de diferentes áreas e tamanhos serão contempladas durante um percurso em que o objetivo é medir os efeitos da mudança sobre a produtividade dos funcionários e sobre a qualidade do ambiente de trabalho.

O desafio não é fácil, pois envolve práticas arraigadas e culturas já estabelecidas das companhias. O ponto central na empreitada é a redução do número e da duração das reuniões. Em geral, alguns dos participantes de reuniões não precisavam estar ali e estão deixando de produzir durante aquele período.

A experiência dos 4 dias passa, portanto, inevitavelmente por rever critérios para reuniões e a necessidade de convocar mais ou menos participantes. Assim como por rever processos e fluxos de comunicação dentro da empresa.

Até agora, os resultados têm sido positivos nos países onde o modelo já foi implementado. No Reino Unido, das 61 empresas que participaram da experiência com a 4 Day Week, 38 optaram por manter o teste e 18 aderiram à semana de quatro dias.

Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda são outros países envolvidos na iniciativa, que evita compensar a redução dos dias de trabalho com jornadas mais longas. Um imperativo do teste é restringir a 32 horas o tempo de trabalho semanal e deixar para o dia de folga compromissos pessoais e momentos mais amplos de lazer.

A aposta, que vem se mostrando bem sucedida, é de aumentar o descanso proporcionalmente à produtividade. No fim das contas, trabalha-se menos, mas melhor. Ganham a empresa e os profissionais.

Compartilhe

Facebook Comments