AS “MENTIRINHAS” NOS CURRÍCULOS

Por Eliane Franco Figueiredo – CEO Projeto RH

Muito se tem falado, ultimamente, sobre dados inverídicos nos currículos, fazendo coro com problemas apontados e bastante discutidos quando da indicação do futuro ex-Ministro da Educação. Posso afirmar que esses fatos não representam nenhuma grande novidade, principalmente, para aqueles que, como nós, trabalham com Recrutamento e Seleção. Essa prática de colocar no curriculum algumas “pequenas inverdades” ocorre, infelizmente, em diversos níveis de cargos: desde funções iniciais no mercado corporativo, até posições executivas.

Em estudo de 2019, de uma consultoria de outplacement, constatou-se que, 75% dos brasileiros, ou seja, três a cada quatro brasileiros “mentem” em seus currículos. Esse é um número muito preocupante!! Em nossa experiência, não chegamos a esses níveis, mas podemos dizer que os problemas são bem frequentes e, geralmente, ocorrem nos campos de formação acadêmica, conhecimentos de idiomas e no histórico profissional.

No âmbito de domínio de línguas estrangeiras, algumas pessoas tendem a informar que possuem um nível de proficiência de determinado idioma superior à realidade e, quando são submetidos a testes de fluência, o nível de conhecimento alegado não se sustenta, causando, decepção para o candidato, para o avaliador e para a empresa contratante. Ainda nesse capítulo, chama mais atenção aqueles que se dizem fluentes em espanhol. Talvez pelo fato de, existirem palavras “parecidas” com o português, algumas pessoas, equivocadamente, acreditam que possam ter resultados positivos nas avaliações aplicadas o que, geralmente, não ocorre.

Com relação à formação acadêmica e/ou cursos complementares, os principais “equívocos” são afirmar que um curso foi concluído, quando ele ainda está em andamento, ou está trancado! Ou mesmo, atribuir uma categoria a um curso, dizendo, por exemplo, que é pós-graduação, quando se trata de especialização.

Quanto ao histórico profissional, os problemas podem ser vários: omissão de empregos, mudanças de datas de entrada e saída nas empresas e, também, cargos que não foram ocupados.

Em resumo, a utilização dessas práticas, é totalmente desaconselhável, pois as informações podem ser desmentidas com cruzamentos de dados e, na maioria das vezes, até mesmo, com contradições que surgem na própria entrevista de seleção. Já vimos, infelizmente, admissões canceladas por inverdades detectadas, quando o candidato entrega documentos para contratação.

Na nossa visão, o correto para quem está à procura de um novo trabalho é elaborar o currículo de maneira clara e objetiva, destacando informações que possam ser comprovadas. Do contrário, o raciocínio que, geralmente, pode ser feito é que se o profissional insere uma informação mesmo que “parcialmente inverídica” ele pode fazer o mesmo ao longo de sua futura carreira na empresa, caso seja contratado.

Tenha em mente que, “maquiar” o currículo pode e, quase sempre representa, perda de oportunidades importantes para a vida profissional. Os exemplos recentes não deixam dúvidas!!

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