Setembro Amarelo: a urgência da agenda da saúde mental nas empresas
01/09/2022
Por Phillipe Scerb – Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP
O problema crescente da saúde mental no ambiente corporativo ganhou muita visibilidade nos últimos anos, puxada pela crise da Covid-19. Mas temas como depressão, ansiedade e estresse ainda são tabu em boa parte das empresas e deveriam contar com mais medidas de enfrentamento.
O bem-estar emocional tem estado no centro das atenções quando o assunto é mercado de trabalho. E nem poderia ser diferente na esteira da pandemia e das suas consequências. Um dos efeitos de longo prazo já provados da contaminação por Covid-19 é a deterioração da saúde mental.
Mas além dos desdobramentos da doença, trabalhadores têm sofrido com uma série de mudanças nos últimos anos ao redor do mundo. O trabalho remoto, acelerado pela pandemia, prejudica muitas vezes o equilíbrio entre as vidas profissional e pessoal ao romper a divisão entre a casa e o escritório.
Novas relações de trabalho, baseadas menos em contratos e mais na prestação de serviços, diminuem a estabilidade e aprofundam incertezas para profissionais que acumulam empregos e responsabilidades. Por fim, o ritmo mais acelerado da comunicação e do dia a dia, aliado a maior pressão por desempenho, agrava a ansiedade e o estresse em meio a um mercado cada vez mais pautado pela competição.
O resultado conhecido disso tudo é a explosão de síndromes de burnout e até de tentativas de suicídio por um esgotamento ligado ao trabalho. Diante de um cenário como esse, é urgente que lideranças executivas e corporações tomem medidas para cuidar da saúde mental de seus profissionais. Diversas iniciativas têm sido conduzidas, mas elas devem ser expandidas e multiplicadas por empresas de todas as áreas e tamanhos.
Abaixo, listamos algumas das medidas que podem ser tomadas:
1. Promover um bom ambiente corporativo e desestimular relações baseadas no conflito.
2. Acolher dificuldades e reclamações dos profissionais por meio de um canal que os escute e os proteja, como uma ouvidoria.
3. Identificar e prevenir casos de deterioração da saúde mental dos funcionários, que costumam se manifestar a partir da insatisfação e da falta de motivação.
4. Tratar do tema, conscientizar os colaboradores sobre seus riscos e alertar sobre indícios e formas de buscar ajuda.
5. Garantir algum equilíbrio entre trabalho e descanso por meio de férias, dias de folga e intervalos na jornada
6. Promover momentos de integração e confraternização das equipes.
7. Quando possível, oferecer benefícios ligados ao bem-estar físico e mental, seja por meio de incentivos a tratamentos psicológicos, seja por meio de incentivos à prática de esportes, ao lazer e à cultura.