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O que os Jogos Olímpicos podem nos ensinar sobre as “Olímpiadas da vida profissional”

Por Eliane Figueiredo – CEO da Projeto RH


Foco no objetivo, disciplina, resiliência e saber lidar com as derrotas são qualidades fundamentais para qualquer esportista de alto nível. Os Jogos Olímpicos demonstraram, mais uma vez, como o sucesso é proporcional ao esforço dos atletas.


Entre profissionais e empreendedores, a realidade não é diferente. Diante de desafios, persistência e superação são competências essenciais. Afinal, uma carreira de sucesso é o resultado da vontade constante de melhorar a cada dia.


E, logo depois da comemoração de grandes vitórias e medalhas, novo ciclo se inicia e as rotinas de treino duro se inicia para novas competições. Assim como os profissionais do mundo corporativo, que depois da entrega de projetos bem sucedidos e do alcance de bons resultados, devem encarar novas empreitadas e mirar sempre para frente.


Se no esporte as condições físicas e ambientais não são sempre ideais, o mesmo vale para empreendedores e profissionais. O cenário econômico e político do País e o contexto das empresas variam com o tempo. Por isso, é fundamental estar preparado para lidar também com aquilo que está fora do nosso alcance e com os imprevistos.


Por fim, gostaria de parabenizar a todos os atletas dos Jogos Olímpicos que, depois de tantas incertezas e dificuldades, nos presentearam com o espetáculo do esporte e da superação. E, também, brindo a todos os “atletas” do mercado de trabalho e aqueles que são empreendedores. Lutando a cada dia e dando o seu melhor para subir no pódio da vida profissional!


E, ainda, algumas competições podem parecer individuais, mas é sempre com o trabalho em equipe que podemos, juntos, nos tornar cada vez mais fortes e ir cada vez mais longe rumo à próxima “Olímpiada”

O aguardado fim da pandemia e o futuro incerto do trabalho

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Conforme o cansaço com o isolamento e a perspectiva de volta à normalidade aumentam, empresários e profissionais põem na balança os prós e os contras do home office e se perguntam sobre a forma que vai assumir o futuro do trabalho.



No começo da pandemia, muita gente se surpreendeu positivamente com a viabilidade do trabalho remoto. Por um lado, a economia de tempo com o deslocamento agradava quem buscava mais momentos de lazer. Por outro, não faltou quem visse sua produtividade aumentar com uma organização mais autônoma da rotina.



Depois de mais de um ano de crise sanitária, o otimismo é menor e muitos profissionais sofrem os impactos do home office. Para além de pais que tiveram que conciliar o trabalho com os cuidados da casa e dos filhos, pesquisas dão conta de outros efeitos negativos das mudanças. Um estudo do Instituto Gallup, por exemplo, mostrou níveis crescentes de sentimentos de solidão e de incapacidade de descansar antes e depois da jornada.



No entanto, por vezes as mesmas pesquisas revelam também o lado positivo do home office. Enquanto a maioria das pessoas quer voltar a frequentar o escritório, elas continuam valorizando o trabalho remoto e veem nele ganhos importantes de produtividade e bem-estar.



Em um cenário controverso, com percepções ambíguas sobre as vantagens e as desvantagens do home office, a tendência que ganha força no universo corporativo é de um modelo híbrido. Empresas que haviam anunciado uma transição completa para o trabalho remoto em meados da pandemia, inclusive, têm voltado atrás e comunicado seus funcionários que terão de voltar aos escritórios – pelo menos alguns dias da semana.



A impressão cada vez mais disseminada é de que um modelo alternado, com certos dias em casa e certos dias no escritório, permite aproveitar as vantagens das duas formas de trabalho.



Em home office, o profissional pode aproveitar o aumento do tempo livre e a flexibilidade da jornada para atividades que não poderia fazer numa rotina convencional. Sem pandemia, o problema de crianças estudando em casa em horário comercial não deverá existir.



Já com a volta ao escritório, diminuiria o sentimento de isolamento à medida que o trabalho recupera a interação e a socialização com colegas. As trocas ganham em qualidade e também podem repercutir em incrementos de criatividade e produtividade.



Não é exagerado pensar que, nessas condições, as vontades e as preferências dos funcionários serão levadas em consideração. Mesmo que a empresa determine regras sobre a distribuição do trabalho remoto e presencial, os profissionais deverão ter alguma voz para definir com que regularidade ficam em casa ou vão ao escritório.


A necessidade do descanso e do lazer mesmo dentro de casa

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



A separação entre a rotina profissional e o tempo livre nunca foi tão difícil. Pois se as novas tecnologias já vinham nos mantendo constantemente conectados, a pandemia praticamente acabou com a divisão espacial e temporal entre o trabalho e a vida pessoal.



Esse, aliás, é um dos motivos para o crescimento exponencial dos problemas de saúde mental entre profissionais de diferentes áreas no último período. De acordo com diversas pesquisas, os índices de ansiedade e estresse ligados ao trabalho nunca foram tão altos.



Outro fator que tem contribuído para esses números é a dificuldade que as pessoas vêm enfrentando para encontrar momentos de completo descanso e para realizar atividades de lazer.



Algo fácil de entender na medida em que viagens, encontros e eventos sociais desapareceram, quase completamente, do rol de possibilidades em meio à pandemia. O resultado é mais tempo gasto com o trabalho e menos com o lazer e o entretenimento.



Mas a despeito das dificuldades impostas pelo distanciamento social, devemos fazer um esforço para descansar e realizar atividades alternativas ao trabalho, mesmo que dentro de casa.



Não apenas porque elas ajudam a preservar uma boa saúde mental e se revertem em mais produtividade no dia a dia. Mas também porque nossas competências profissionais dependem do nosso repertório cultural. As referências e as ideias que aplicamos no nosso trabalho não provêm simplesmente do mundo profissional, mas das experiências que adquirimos fora dele. E são cada vez mais valorizadas pelas empresas.



Por isso, é fundamental que mantenhamos práticas típicas de lazer de maneira a expandir nossos horizontes. E as possibilidades são consideráveis mesmo em caso de confinamento.



Ler, de romances a revistas e jornais, é sempre uma boa opção. Com a multiplicação de plataformas de streaming, filmes e séries ficaram muito mais acessíveis. Há também quem prefira acompanhar alguns dos inúmeros cursos disponíveis na internet, vários deles gratuitos.



De todo modo, o importante é não deixar de descansar e aproveitar o tempo livre. Nossa saúde mental e nosso desempenho profissional agradecem.


O problema do tédio e da falta de motivação no trabalho

Por Philipe Scerb- Mestre em Ciências Políticas pela SciencesPo-Paris e Doutorando pela USP



Jornadas intermináveis, altas cargas de estresse e o excesso de responsabilidades profissionais são sabidamente nocivos e podem levar à famosa síndrome de Burnout.


Mas se muito trabalho é ruim, pouco trabalho também pode ser. E já há até quem dê um nome para o tédio e a ansiedade que atingem profissionais pouco motivados no dia a dia: a síndrome do boreout, originada da palavra bored (entediado, em inglês).


Olhando de fora, parece invejável a rotina de alguém que conclui as tarefas do dia em poucas horas e passa as restantes matando o tempo e, no máximo, esperando outras demandas do chefe – que, muitas vezes, nunca vêm.


No entanto, essas horas de suposto descanso são, via de regra, acompanhadas de um tédio que pode ser tão ruim, segundo psicólogos, quanto o esgotamento provocado pelo excesso de trabalho.


Pois além de ter a produtividade prejudicada, como demonstrou um estudo da Universidade de Lancashire, na Inglaterra, os profissionais nessas condições tendem a despejar sua ansiedade em práticas nada saudáveis. Que vão desde passar horas e horas nas redes sociais para matar o tempo até o consumo obsessivo de cigarros, álcool e comidas altamente calóricas.


Mas não se assuste

Um pouco de tédio no trabalho é normal e até saudável. O problema ocorre quando ele se torna dominante e faz você se sentir inútil e desenvolver importantes sintomas de ansiedade.



O que não está diretamente ligado às tarefas e ao tipo de trabalho que você tem. O tédio diz muito mais respeito a você e aos seus interesses do que ao seu emprego em si. É possível, por exemplo, ter um ótimo cargo e não se sentir motivado e valorizado.



Se você não gosta e não se sente desafiado pelas tarefas do dia a dia, é normal que elas pareçam monótonas e sem sentido. Um problema ainda maior quando somos forçados a aceitar trabalhos distantes das nossas áreas e aspirações profissionais. Geralmente, o salário não basta para gerar motivação e engajamento.


O que fazer?

Os psicólogos suíços que cunharam a noção de síndrome de boreout não se contentaram, ainda bem, a definir o problema. Eles apresentaram também sugestões para que os profissionais superem o tédio crônico no trabalho.



O primeiro passo seria buscar pequenas motivações nas tarefas diárias. E caso seja impossível encontrá-las, convém conversar com os chefes e demonstrar interesse em desenvolver novas tarefas que possam ser úteis para a empresa.



Outra alternativa é procurar motivação fora do trabalho. De preferência, em momentos livres antes ou depois do expediente. Novos hobbies podem compensar a frustração e a ansiedade da rotina profissional.



Se ainda assim o tédio crônico não desaparecer, a saída é buscar outro trabalho que realmente te atraia. Sem que isso implique abandonar o emprego atual, pois o desemprego só faria aumentar a ansiedade provocada pela falta de motivação.



Não é simples encontrar o trabalho dos sonhos, que nos motive e nos desafie a cada dia. Nem por isso, devemos nos acostumar com o tédio e a ausência de um sentido para a nossa vida profissional.